terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Fim do Mundo



Como todos aqueles minimamente informados sabem o FdM (ou, fim do mundo) está, finalmente, e inexoravelmente, próximo. Em 21 de dezembro 2012 pela manhã (se não der praia).

Então resolvi buscar uma explicação nas palavras daquele que nos tem brindado com suas previsões há séculos.

Consta na 11a centúria do profeta Noscagamos que:

No dia em que o trovão espantar do ninho a grande águia
E que seus filhotes famintos atacarem a casa do Papa
Dois irmãos, imponentes em seus tronos, sucumbirão
E as planícies em fogo serão consumidas pelo caos.



Por outro lado:

O tigre, ávido pelo leite da cabra
Tornará o dia em noite, e a tarde naquele período da manhã em que não amanheceu, mas também não está completamente escuro
E os Reis e Rainhas das terras longínquas
Chorarão a perda de seus sapatos de baile.


Enfim:

O fogo e o caos tomarão o reino dos justos
Quando estes estiverem ocupados olhando o leite ferver
E os céus se abrirão
E todas as pessoas, ou coisas, se tornarão mais brilhantes por um momento, enquanto a estrela brilhar sobre a mais alta montanha, e todos aqueles que forem iluminados pela sua luz se regozijarão diante do fim de tudo, ou ao menos de tudo aquilo que conhecem, ou pelo menos daquelas coisas que eles conseguem ver pela janela no finzinho da tarde quando já terminaram seus afazeres domésticos, mas um pouquinho antes da novela, talvez uns 30 ou 40 minutos antes, e tudo aquilo que for ou tenha sido um dia não mais será aquilo que achamos que eram na época que eles eram de fato alguma coisa, e nesse momento saberão o significado de tudo, tudo mesmo, não só aquelas coisas que viram da janela, como já foi explicado anteriormente.
(*)

(*) Este verso é, definitivamente, o segundo maior escrito pelo profeta, segundo o historiador Pierre Sanfona.

Como vocês podem ver, está tudo muito claro nos textos de Noscagamos. Só não vê quem não quer.

O problema é que, devido ao fato de suas profecias só serem associadas aos fatos depois dos mesmos já terem acontecido, teremos um problema, já que, após o FdM não deverá haver ninguém para confirmá-las.

Talvez as baratas, mas ouvi falar que elas não gostam de versos.

P.S.: Na verdade, tive estes delírios enquanto escrevia um comentário para este texto do Championship Vinyl aqui. Aí resolvi que estava bom para publicar, considerando que, diante do marasmo que reina neste blog, talvez meu conceito de "bom" tenha sofrido uma queda considerável.

domingo, 11 de outubro de 2009

1001 Covers

Há quem goste deles, outros que os considerem um desrespeito.

Há os reverentes e obedientes, enquanto outros são subversivos, ou até mesmo debochados.

Quando se fala de covers (releituras de sucessos musicais), as opiniões podem divergir, mesmo entre os admiradores desta arte.

Afinal de contas, é heresia gostar mais de um cover dos Beatles do que da versão original? Particularmente, a minha resposta é não. Embora seja admirador de carteirinha dos Fab4, não tenho este tipo de pudores e preconceitos (inclusive tenho uns bons exemplos de covers deles que considero melhores que os originais). Mas pode ser que você esteja aí espumando de raiva e pensando em lançar uma fatwa contra mim, por abrir essa minha boca suja para falar uma besteira dessas.

É a esse tipo de reação que estou me referindo.

Enfim, o motivo da ladainha é que fui mui gentilmente convidado pelos amigos blogosféricos do 1001 Covers para contribuir com sua nobre missão de chegar ao número de 1001 (nossa, quem diria?!) indicações de versões musicais dignas de nota, tornando-se um reposítório deste tipo de informação na rede.

Pode ser até que você ache a idéia uma baita besteira, mas eu achei muito legal e aconselho a todas as três ou quatro pessoas que passam por aqui de vez em quando a nos fazer uma visita lá.

Quem sabe até você goste?

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Groucho Marx e os Tribalistas

Não é de hoje que eu tenho implicância com o conceito de tribos. Nada contra os brasileiros nativos (de pés descalços ou de havaianas). O alvo de minha implicância são as famosas tribos urbanas.

Esse conceito de ajuntamento de pessoas com mesmos objetivos e crenças que, teoricamente, não tem nada de mais e, pelo contrário, está na base da criação das sociedades civilizadas. Mas a coisa começa a desandar quando o conceito de tribo esbarra na tal da rebeldia.

É super radical ser punk, ou metaleiro, ou skatista, ou qualquer outro grupo de pessoas que nadam contra corrente e são contra-tudo-isso-que-está-aí.

Só que, da forma como enxergo, esses grupos acabam sendo ultra-reacionários e conservadores. Na verdade, mais conservadores do que o pessoal da TFP.

Por exemplo: digamos que você tenha um emprego bem convencional, daqueles que te obriga a ir arrumadinho para o trabalho e coisa e tal. Digamos que você trabalhe em um banco. Só que, por trás dessa carcaça mauricinha, você é um grande fã de metal. Daqueles que conhecem profundamente desde os medalhões do estilo, até aquela bandinha croata de Power-death-thrash-metal.

Então você decide, todo animado, a ir a um show do Pantera. Só que você teve de trabalhar até tarde e vai direto para o show sem ter tempo de ir em casa colocar sua fantasia de metaleiro. Calça social, camisa para dentro da calça, cabelo cortado, sabe o tipo? Então...

Bom, no meu mundo ideal, um metaleiro de raiz ia ver esse cara durante o show e dizer:

- Pô cara! Se eu cruzasse com você na rua, nunca ia adivinhar ia te encontrar aqui. Legal você curtir esse som também!

Mas, enquanto isso no mundo real:

- Que qui tu ta fazendo aqui, mauricinho?! Que qui tu entende disso?! Vai pra casa escutar pop seu playboyzinho de merda! Sai daqui antes que a gente quebre os seus dentes.

Bom, ele pode até não falar isso, mas vai pensar. A não ser, talvez, aquela parte dos dentes quebrados (pode ser que ele seja mais do tipo que quebra pernas, vai saber...).

Donde se conclui que até para ser rebelde você tem de seguir o manual.

Ou seja, se você quiser ser aceito como metaleiro, você tem de se vestir de preto, ter cabelo comprido (preferencialmente barba também), tatuagem, se comportar da forma X, falar da forma Y e andar do jeito Z (substitua “metaleiro”por qualquer outra tribo “rebelde” e continua sendo verdade). Ou, no mínimo obedecer a um número mínimo de regras deste conjunto (esse número mínimo deve ser estabelecido por algum órgão do tipo Sindimetal, ou Ordem dos Headbangers do Brasil).

Porra! Tem mais regras do que para se filiar ao Iate Clube.

Que rebeldia é essa que te entrega, ainda na entrada do círculo tribal, um manualzinho com dezenas de regras que você tem de obedecer à risca, sob pena de ser expulso da tribo com desonra e sob apedrejamento (Connor McLeod mode: on).

Rebeldia pode até ser ir de coturno e calça rasgada ao Teatro Municipal, mas também é (talvez muito mais) ir de smoking ao show de punk rock. Rebeldia é fazer as coisas como e quando quiser, e não seguir um monte de regras babacas.

Ahn? O que Groucho Marx tem com essa história?!

Boa Pergunta.

É que, em relação a este assunto, eu sigo a máxima marxista (do Groucho claro, não daquele outro barbudo carrancudo) de que eu nunca entraria para um clube que me aceitasse como sócio.