sexta-feira, 26 de junho de 2009

O Sentido do Vida

A primeira vez que assisti a algum material do Monty Python, foi na minha adolescência. Gravei “O cálice sagrado”, que passou em uma sessão na madrugada, para conferir depois. Lembro de, ao assistir ao filme com meu irmão, ter repetido aquela cena dos cavaleiros que dizem Ni uma dúzia de vezes seguidas, sem conseguir parar de rir.

De lá para cá, assisti a outros clássicos do grupo como “A vida de Brian” e “O sentido da vida”, me tornei fã absoluto dos filmes do Terry Gilliam (principalmente, mas não somente, de “Os 12 macacos”), admirador de tantos outros dirigidos e/ou estrelados por outros membros do elenco, e tomei contato com o “Monty Phyton’s Flying Circus”, programa transmitido, na Inglaterra, pela BBC entre os anos de 1969 e 1974.

Na minha visão, o Python é como jiló, ou você gosta de verdade ou não. Sou capaz de assistir por horas seguidas a seus esquetes de humor anárquico e non-sense, mas consigo entender perfeitamente que o que torna sua produção tão atraente a meus olhos seja, exatamente, o que repele parte do público. Estes acham seus quadros as coisas mais bestas e sem graça do mundo (por algum motivo ainda ignorado pela ciência, esse grupo é formado em sua maioria por mulheres).

Enfim, por que isso agora? A questão é que recentemente assisti a um vídeo sobre o memorial de Graham Chapman.

Chapman foi um dos seis Python, e talvez seja conhecido pela maioria no papel de Rei Arthur em “O cálice sagrado” e como o protagonista de “A vida de Brian”. Em novembro de 1988 teve diagnosticado um raro tipo de câncer cervical morrendo, aos 48 anos, em 4 outubro de 1989, véspera da exibição do programa de comemoração do vigésimo aniversário da primeira transmissão do Flying Circus, para o qual ainda havia conseguido gravar algumas cenas. Seu colega de elenco, Terry Jones classificou esse fato como o pior caso de fura-festa em toda a história.

Mas então, o vídeo.

Essa filmagem mostra um memorial em sua homenagem, ocorrido cerca de dois meses após sua morte. É interessante observar como um momento que teria tudo para ser introspectivo e carregado de tristeza, é completamente subvertido pelos colegas de Chapman. A princípio causa um pouco de estranhamento ver piadas em um momento como esse, o que contraria todas as nossas tradições e instintos, mas é tocante ver como mesmo obviamente sofrendo com sua ausência, seus amigos prestam uma grande homenagem na forma que achavam que Chapman teria preferido. São feitas várias referências a momentos Python, como o esquete do papagaio morto, logo ao início, e a música "Always Look on the Bright Side of Life" de “A vida de Brian”, ao final

Muito bonito.

Acho que eu gostaria de ser lembrado desta maneira.



E aqui, para quem não conhece, a interpretação original de "Always Look on the Bright Side of Life" no filme, com o próprio Chapman crucificado, como Brian.



E o esquete do papagaio morto:

12 comentários:

Barbarella disse...

irei assistir aos vídeos com carinho, depois voltarei para comentar aqui...

bjos

Barbarella disse...

errrr... que agora cheguei meio etílica e prefiro não falar demais, se é que vc me entende...

Varotto disse...

Para algumas pessoas, talvez faça até mais efeito assistir a Monty Python meio etílico.

Barbarella disse...

"Estes acham seus quadros as coisas mais bestas e sem graça do mundo (por algum motivo ainda ignorado pela ciência, esse grupo é formado em sua maioria por mulheres)."

Há duas hipóteses: ou por sermos seres tão evoluídos, não nos identificamos com essas piadas por achar que temos coisas mais importante para fazer...
ou...
Não entendemos NADA mesmo desses "esquetes de humor anárquico e non-sense"...

Mas enfim, gostei muito do funeral do Chapman... ele deve ter gostado tb seja lá de onde ele estiver.

O "Always Look on the Bright Side of Life" me pareceu bem simpático, vou procurar o filme, me interessou, e se vc diz que é bom, deve ser.

A do papagaio achei engraçado a maior parte e a outra parte meio bobo mesmo(ou não entendi nada..

Mas é isso, adoro descobrir coisas novas, ainda mas se for da época em que ainda não tinha nascido(hahaha só para dizer que nasci depois de 74, mas tb não digo qual ano)

é isso...

bjo

Varotto disse...

Aqui vão mais algumas indicações de clássicos Pythonianos.

Deja Vu:

http://www.youtube.com/watch?v=XkZnJhU0INk

Spam:

http://www.youtube.com/watch?v=3kjdrl6qjwY

Buying a bed:

http://www.youtube.com/watch?v=W6OAr2OTAl8

Ministry of Silly Walks:

http://www.youtube.com/watch?v=a17QkZO4mkY

How not to be see:

http://www.youtube.com/watch?v=8yXmQfES4Tc

The Spanish Inquisition:

http://www.youtube.com/watch?v=Ip8HYcDgq48

A Piada Mais Engraçada do Mundo:

http://www.youtube.com/watch?v=Ip8HYcDgq48

The Philosophers' Football Match:

http://www.youtube.com/watch?v=QslXTuhQUCY&feature=fvsr

O quadro mais idiota que já fizemos:

http://www.youtube.com/watch?v=Rx8s3pTOXFk

Ufa!

Cláudio Neves disse...

Edgar Poe já colocava, e não sem propriedade, o Gosto entre a Sensibilidade e a Inteligência. Ele, o Gosto, digamos que as modera. O Gosto é quem negocia entre o entendimento e o sorriso, para ser mais poético e talvez menos acertado. Então, o Python não foge à regra, mas a radicaliza: ou você ama ou odeia, para ficar no clichê. Creio que razão disse, se há alguma, é que o grupo trabalha no limite ou na sobreposição do deboche a fina ironia. Nada parece cerebral e, no entanto, algo parece sê-lo. A degustação do grupo é condicionada a uma primeira entrega desinteressada (como a da adolescência do Ricardo). São raros aqueles cooptados pelo fã clube depois de muito mais que adultos ou que no Python busquem apenas uma referência sofisticada ou um saudosismo atávico.

E me pergunto, e pergunto ao Ricardo: isso é uma limitação artística? um furo na universalidade de sua sátira?

Não sei. Penso que não, mas também não sei explicar o porquê.

Cláudio Neves disse...

Responda-me, ó vós que sois tão sábio nos caminhos da Ciência!

PS: corrigindo: no primeiro parágrafo do post anterior (linha 8): "na sobreposição do deboche e 'da' fina ironia."

Varotto disse...

"Não sei. Penso que não, mas também não sei explicar o porquê."

Quem sabe, talvez, possa ser alguma coisa.

Ou não...

Gilmar Gomes disse...

axo q eu tb gostaria de ser esculachd... digo, lembrado de maneira divertida... pena que não sou famoso e minha família ia estragar tudo chorando. fazer o que, né???

cara, mas chega de falar de posts... preciso dizer algo sobre finalmente você escrever um blog:

AAAAAAAAÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ!!!!!

Gilmar Gomes disse...

ah sim... só uma coisa sobre o "água mole"... não tem nada de mole aqui... abraços.

Varotto disse...

"ah sim... só uma coisa sobre o "água mole"... não tem nada de mole aqui..."

Que isso cara, você sabe que eu nunca iria querer que ficasse parecendo que eu dsse que você gosta de coisas moles. Se que isso não é verdade.

Anônimo disse...

Cara

Sei que estou em falta aqui, mas, na verdade, estou em falta até com o meu blog, por causa de trabalho. Mas tenho tentado colocar a leitura em dia, aos poucos. Não se preocupe que eu estou, aos poucos, acompanhando, o crescimento do seu blog.

Agora, é impressionante como você consegue me surpreender. EU, no auge da minha ignorância, achava que já tinha visto TUDO do Monty Python, mas não conhecia esse video do funeral do Chapman.

Genial!

Quanto ao blog: tem tudo para se tornar um dos grandes da internet e dá orgulho (mesmo) estar linkado aqui.

Abraços!!!

PS - Depois volto pros outros posts com mais calma!