segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Khallice


Na semana passada, passei uns dois dias em Brasília.

Mas como não me deixaram passar minha bazuca e meu lançador de morteiros no aerporto, tive de me contentar em visitar uns amigos, entre eles nossa Barbarella, muito simpática e hospitaleira. Mas o prato principal acabou sendo uma road trip com meus amigos da banda Khallice ("Quase Famosos" mode: on).

O Khallice para quem não sabe, e a maioria de vocês, infelizmente, não devem saber, é um dos maiores nomes (talvez o maior) do chamado prog metal nacional, tendo sido escolhido pelo próprio Dream Theater, maior nome mundial do gênero, para abrir seu show no Rio de Janeiro, em 2008. Além de também terem aberto shows para a americana Simphony X, e a sueca Evergrey, outros grandes representantes do gênero. Seu primeiro álbum, "The Journey", foi relançado no mercado mundial pela Magna Carta, e o segundo "Inside your Head", está para sair.

Os dois shows, em Brasília e Goiânia, tinham o objetivo específico de homenagear o Dream Theater, tocando na íntegra seu álbum mais emblemático, "Images and Words", além de algumas músicas próprias do Khallice, que tem ótima recepção do público.

Qualquer um que já escutou alguma coisa do DT sabe que sua música é altamente cerebral envolve altíssima complexidade técnica e entrosamento do grupo, com mudanças bruscas e constantes de andamento e dobras entre guitarra e teclado em alta velocidade. Ou seja, não é para qualquer um e, ouso dizer, que poucas bandas no mundo são capazes de reproduzir seu repertório mantendo a qualidade original.

Eu diria que tocar esse álbum integralmente seria o equivalente musical a disputar uma maratona. Com a diferença de que durante a maratona pelo menos ainda há aquelas pessoas, ao lado do trajeto, para te passarem um copo d'água.

Enfim, sem querer aumentar a rasgação de seda, reafirmo que tocar (e compôr) esse tipo de música é, para mim, uma daquelas coisas que estão no limite do sobre-humano. E por isso acho que esses caras, amizades à parte, merecem muito reconhecimento.

Marcelo Barbosa, um dos fundadores da banda já tem uma carreira de destaque na cena da guitarra nacional, e o próprio Khallice tem uma boa reputação nesse segmento que representam ao longo destes 10 anos de trabalho, mas o fato é que são todos uns monstros (no melhor sentido) e merecem muito mais. Merecem o mundo.

Para quem se interessar, aí vão alguns links:

www.khallice.com.br
www.myspace.com/khallice
www.marcelobarbosa.com.br

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Em tempo...


Quem me conhece, ou já leu o que eu penso sobre nostalgia, já sabe que eu me considero um nostálgico esclarecido, então não preciso mais me explicar sobre isso.

Mas ultimamente, e cada vez mais, tenho me pego revoltado com essa ditadura do tempo. Nada relacionado ao medo de notar que cada dia que passa é um a menos para nossa morte, já que (pelo menos por enquanto), não costumo gastar energia pensando nisso.

O que me tem deixado revoltado são os privilégios do espaço sobre o tempo. Parece que, parafraseando Orwell, aparentemente todas as dimensões são iguais, mas algumas são mais iguais do que outras.

É melhor eu começar a me explicar antes de vocês acharem que estou louco, bêbado, ou qualquer mistura dos dois.

Todo mundo já foi a um lugar do qual gostou muito, certo? Qual a solução, então, se você sentir saudade ou uma grande vontade de estar novamente nesse lugar?? Você simplesmente vai até lá! E pronto... resolvida a situação.

E se a vontade for relacionada a uma época, e não a um lugar? E, então? A não ser que você tenha um certo DeLorean na sua garagem, vai ter de se contentar com suas lembranças.

Por que esse preconceito?! Por que quando a coisa muda de ONDE para QUANDO, não há solução razoável. Essa situação tem me deixado louco (acho que o fato de estar lendo, no momento, a “trilogia de quatro livros” do Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, não tem ajudado muito*).

Cheguei em um ponto que o efeito “máquina do tempo” alimentado à base de lembranças, não parece estar sendo suficiente. Então fico sonhando com outras soluções...

Acho que uma máquina do tempo clássica, que transportasse seu corpo para a época e blá-blá-blá (vocês conhecem o tipo), nem seria o ideal. Talvez o melhor fosse transportar sua consciência para seu corpo na época, ou até mesmo (vejam como sou um cara razoável), transportá-la só como observadora. Algo como um aluno ouvinte do curso do tempo.

Se bem que essa última opção pudesse ser um pouco desagradável, já que nos obrigaria a assistir, completamente impotentes, a situações potencialmente constrangedoras. Imaginem só a cena: Aquela festinha, aquela gatinha, tudo, aparentemente, no lugar e hora certos...

“Isso, garoto! Pega a mão dela. Isso... Até aí tudo bem, ela ainda não percebeu o quanto você está bêbado (e ela também). Agora, isso... aproveita! Beija a menina! Agora! Tenha a coragem que eu não tive. Efeito borboleta é o catzo! Peraí que cara é essa?! Não vomita em cima dela não! Não, de novo n... Sai daí, sai daí, sa... ”

Ai, ai... Eu me mato de vergonha.

Bom, mas na maior parte das vezes ia ser legal...

Provavelmente...

Talvez...

O fato é que esses pensamentos têm me acometido com certa freqüência, então resolvi passar para frente a idéia de fazer uma pressão popular para exigir a revogação da inefabilidade do tempo. Quem sabe uma campanha do tipo “Abaixo o relógio – por um tempo plano”, ou então “A consciência é minha e eu largo ela onde (ou quando) eu quiser”, sei lá...

Enfim, não sei se “no meu tempo que era bom”, mas que eu queria dar uma olhadinha lá, eu queria...

E como diria aquele grande profeta, Pierre de La Boulangerie:

“O sonho não acabou, já vão repor, mas separa um aí para mim enquanto estou na fila do pão.”


* Comprei o "Guia do Mochileiro das Galáxias" outro dia, para ter o que ler no avião e, antes de chegar na vigésima página, já me perguntava sobre como eu pude viver até aqui sem ler esse livro. Cheguei em casa e encomendei todos os outros livros do autor. A forma como é escrito e o humor surreal são simplesmente irresistíveis. Recomendo a qualquer forma de vida baseada em carbono do Universo.


Atualização
P.S. : Respondendo a inúmeras perguntas, que eu mesmo me fiz, sobre o evento passado aqui descrito, esclareço que é completamente fictício. Pelo menos a parte do vômito (o resto é provável...).

sábado, 15 de agosto de 2009

Ritmo pouco é bobagem

Aqui vai um vídeo que conseguiu me deixar de boca aberta.

Um medley absolutamente estonteante de Il Barbieri di Siviglia (O Barbeiro de Sevilha), de Rossini, pelo baterista Andrea Vadrucci.

De cair o queixo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Embromation 101

Bom dia classe, hoje iniciaremos o nosso curso, que vai abordar o arsenal disponível de técnicas que permitirão a vocês impressionarem multidões, sem precisarem de grandes doses de conteúdo.

Para falar a verdade, são exigidas doses mínimas de conteúdo o que leva tais técnicas a serem utilizadas por representantes dos mais diversos níveis dos poderes Legislativo, Executivo e, por que não, do Judiciário.

Artifícios como a famosa Técnica Paraguaçu, que tem sido usada pode embromar multidões há décadas, com a utilização de termos pseudo-eruditos e/ou inventados, mas isso é assunto para uma aula mais avançada.

Como exercício hoje abordaremos a técnica escrita da meta-enrolação, que consiste na utilização de nenhum conteúdo (que não a própria enrolação), porém abrangendo-se o máximo de espaço e tempo possível. Mas o que é afinal a meta-enrolação???

Parênteses:(o uso de perguntas retóricas desnecessárias é extremamente útil na lida do preenchimento máximo de espaço. E nunca subestimem o uso de mais de um ponto de interrogação ao seu final, o que pode fazer uma grande diferença, em termos de espaço, a considerar o número de perguntas retóricas desnecessárias)

Parênteses dentro dos parênteses:((a repetição de expressões longas como o "número de perguntas retóricas desnecessárias" acima também pode ser de extrema valia.))

Parênteses adicionais:(o uso de explicações em parênteses também pode ser útil para cumprimento do objetivo em epígrafe. Assim como o uso de palavras como "epígrafe", o que pode ser considerado uma contribuição da Técnica Paraguaçu ao campo da meta-enrolação)

E, por último, meta-parênteses:(Depois da última reforma ortográfica, a palavra parênteses ainda tem é acentuada? Pesquisem para a próxima aula)

OBS. (que é completamente diferente de "parênteses"): Nesse ponto você já esqueceu completamente sobre o que falávamos, então vamos recapitular: estamos fazendo um exercício de meta-enrolação. Fim da OBS.

Mas, como se dizia, a meta-enrolação consiste em usar a própria enrolação, como estabelecida anteriormente, para explicar o processo de enrolação - "embromars gratia embromatis", como se diz e latim - método extremamente útil no “desenrolar” do texto (ah! Desenrolar... entenderam? Hein?! Eh... Bom, deixem para lá).

Continuando...Enfim, basicamente a técnica consiste nisso e eu espero, para a próxima semana que cada um me entregue um mínimo de 50 páginas de meta-enrolação. E, respondendo antecipadamente às perguntas mais frequentes:

- SIM, a criatividade na abordagem valerá pontos extras;

- SIM, eu vou ler os textos todos (ou não, vocês nunca vão saber), então não adianta encher o miolo dos trabalhos com textos aleatórios (ou adianta, quem sabe...); e

- E, principalmente: NÃO, espaçamento triplo não será considerado como enrolação, dessa forma vocês estariam enganando a si próprios (quando definitivamente, o objetivo é enganar o público). Afinal de contas que tipo de embromadores vocês querem se tornar? (pergunta retórica, não precisam responder). Nós temos padrões por aqui e nos orgulhamos de nossa reputação.

P.S. 1: Esta semana começará a funcionar nosso banco de currículos, no qual seus predicados poderão ser avaliados para serem aproveitados nas Câmaras Municipais, e até mesmo no Senado Federal. O seu céu é o limite.

P.S. 2: Não percam, na próxima semana, a palestra de um de nossos mais brilhantes ex-alunos, o Senador Silveirinha, que abordará o tema “Opinião Pública: por que me importar, se posso enrolar?”.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Tem coisas que o dinheiro não compra...

Definitivamente, um dos prós da paternidade.

Café da manhã na cama